Os monges desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da civilização ocidental, as suas sementes de instrução plantadas pelos mosteiros, foram o cerne da idade Média, a base do nascimento das Universidades e a antecâmara da Idade Moderna.
As formas mais antigas de vida monástica surgiram no século III, eram monges eremitas que se retiravam para os desertos do Egipto em busca da perfeição espiritual. Porém, o monaquismo ocidental teve uma base mais sólida e organizadora graças aos conhecimentos vindos do Oriente com São Basílio, o Grande, de Santo Atanásio e de João Cassiano.
São Bento de Núrsia, um monge, estabeleceu pequenas comunidades de monges em Subíaco, e depois, numa província a sul de Roma, fundou o Monte Cassino. Aqui, por volta do ano 529, compôs a famosa Regra de S. Bento, cuja excelência se tornou universalmente adoptada em toda a Europa Ocidental nos séculos posteriores.
Viviam num nível material comparável ao dos camponeses italianos da época, rezavam, trabalhavam e não faziam acepção de pessoas, todos eram um em Cristo.
Com uma vida humilde, trabalhadora e espiritual a ordem Beneditina aspirava simplesmente a uma dedicação total a Cristo e ao reino de Deus.
Em períodos de grande turbulência, a tradição beneditina manteve-se intacta e as suas casas permaneceram como oásis de ordem e de paz.
Monte Cassino, a casa-mãe dos beneditinos, foi saqueada pelos bárbaros lombardos em 589, destruída pelos sarracenos em 884, arrasada por um terramoto em 1349, pilhada pelas tropas francesas em 1779 e arrasada pelas bombas de Segunda Guerra Mundial em 1944, e sempre foi reconstruida pelos seus próprios monges.
A sua influência e exemplo atraiu muitos poderosos da Europa a acolherem-se ao seu regime espiritual e humilde.
Os mosteiros medievais para além de se dedicaram à cultura, também deram um grande implemento à agricultura – os monges beneditinos foram os grandes agricultores da Europa, transformando-a em terras de cultivo, associando agricultura e oração.
Terras selvagens, desabitadas, pântanos e muitos caos desordenados, os monges introduziam plantações, indústrias ou métodos de produção desconhecidos do povo.
Criação de gado e de cavalos, elaboração de cerveja, criação de abelhas, produção de frutas, comércio de cereais, de queijo e de vinha que utilizavam para a celebração da Santa Missa.
Houve monges fabricantes de relógios. O primeiro relógio de que há notícia foi construído pelo futuro Papa Silvestre II, para a cidade de Magdeburgo, em 996.
Ser esmoler, cultivar a hospitalidade e hospedar viajantes e peregrinos pobres era uma obra de caridade em que se esmeravam.
Resta-nos acrescentar a honrosa, difícil e exigente tarefa de copistas. Graças ao trabalho dos monges ao copiar ou transcrever grandes obras, como Aristóteles, Cícero, Lucano, Plínio, Pompeu, Ovídio, Horácio, Terêncio e Virgílio, entre outros, que sem este trabalho e empenho se teriam perdido.
Obviamente que o seu maior empenho foi na preservação da Bíblia, com iluminuras artísticas nos Evangelhos cuja sublime beleza toca o divino.
Os mosteiros e as escolas monásticas foram ainda florescentes centros de ensino que lançaram bases para as futuras universidades. Toda a cultura e civilização do mundo antigo, foi conservada e desenvolvida na Idade Média graças aos monges que a protegeram de várias catástrofes sociais e políticas.
Como vimos e ao contrário do que vulgarmente se ousa insinuar, a contribuição monástica para a civilização ocidental foi imensa. Os monges ensinaram as técnicas da metalurgia, introduziram novos plantios, copiaram textos antigos, preservaram a educação, foram pioneiros em tecnologia, mudaram a paisagem europeia, acudiram aos viajantes, resgataram extraviados e náufragos e ainda tiveram tempo para rezar, estar com Deus, sempre orando e trabalhando.* (continua)
*Texto inspirado no livro: COMO A IGREJA CATÓLICA CONSTRUIU A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL de THOMAS E. WOODS JR.