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750 anos

  • Março 10, 2024
  • Religião
  • José Maria C. da Silva André

Retrato de S. Tomás de Aquino, pelo pintor Antonio del Castillo y Saavedra (c. 1649).

 

Deixemos por um instante os sofrimentos de tantas guerras, sobretudo na Palestina e na Ucrânia, e a tragédia do Parlamento francês que confundiu o aborto com um «direito humano».

Esqueçamos estas desgraças, para festejar os 750 anos da morte de um dos intelectuais mais interessantes de todos os tempos. Pois, quando se trata de santos, é costume celebrar o aniversário da sua entrada no Céu, em vez do dia do seu nascimento.

Tomás de Aquino, filho dos condes de Aquino, nasceu no castelo da família, em Roccasecca, no Sul da Itália. De ascendência alemã, eram dos aristocratas mais influentes da época. Muito cedo, Tomás revelou-se uma criança excepcional. Quando o enviaram para estudar na célebre abadia de Montecassino, um dos centros culturais da Europa de então, os pais sonhavam para ele com uma carreira eclesiástica ilustre. Tomás prosseguiu os estudos na Universidade de Nápoles, onde conheceu a ordem dominicana, recentemente fundada, e, em vez de se preparar para ser cardeal, ou uma personagem importante na corte do Imperador Federico II, descobriu a sua vocação como dominicano.

A família era católica, mas uma entrega total a Deus estava fora do horizonte: Tomás podia seguir a vida eclesiástica, de forma «comedida». Colocar Deus em primeiro lugar, de modo absoluto, parecia-lhes um exagero e um desperdício de talento.

Tratando-se dos condes de Aquino, a oposição familiar à vocação de Tomás mobilizou o próprio exército imperial. O grande génio esteve preso durante um ano no castelo de San Giovanni, na esperança de que moderasse o seu amor a Deus. A tentativa não resultou.

Quando ficou livre, Tomás foi estudar para Paris, com Santo Alberto Magno, que acompanhou depois em Colónia. Regressa como professor a Paris, onde trabalha com S. Boaventura e com as sumidades da época, viaja a Itália, para acompanhar o Papa como consultor. Publica livros extraordinários de filosofia, de teologia, obras poéticas, sermões populares…

Morre inesperadamente com 49 anos, quando ia de viagem, convocado pelo Papa, para o Concílio de Lyon. Os monges cistercienses da abadia de Fossanova tiveram a sorte de lhe dar abrigo e Tomás morreu rodeado por eles no dia 7 de Março de 1274.

Além dos 750 anos da sua morte, na passada quinta-feira, 7 de Março, vamos celebrar em 2025 os 800 anos do seu nascimento e em 2032 os 700 anos da sua canonização. O Papa Francisco quis que estes anos jubilares fossem vividos em toda a Igreja como incentivo para reviver o fantástico legado —humanista, teológico e espiritual— deste santo, peça-chave da história intelectual do mundo.

Uma das lições de S. Tomás é apreciar o que há de bom na cultura de cada época. O século XIII deslumbrou-se com os filósofos da antiguidade clássica, em particular Aristóteles. Muitos cristãos reagiram, rejeitando-os completamente, porque pareciam heraldos do materialismo e do ateísmo, mas S. Tomás preferiu destacar o seu amor à verdade, o rigor do raciocínio, o realismo, os seus contributos para a metafísica, aproveitando esses aspectos positivos para alicerçar a filosofia e a teologia cristã em bases sólidas. Se o Aristóteles original lesse a exposição de S. Tomás, fica-se com a sensação de que exclamaria: «era mesmo isso que eu queria dizer …não me tinha dado conta das consequências profundas destas ideias!».

Alguns contrapõem S. Tomás de Aquino a Santo Agostinho (século IV-V), comparando-os com Aristóteles e Platão, respectivamente. Que absurdo! Basta notar que Santo Agostinho é o autor mais citado por S. Tomás. Cada um na sua época, deixaram-nos um legado riquíssimo.

E S. Tomás realizou esta obra monumental vivendo apenas 49 anos. Que biografia apaixonante!

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