Declaração assinada pelas Conferências Episcopais da União Europeia, Conferência das Igrejas Europeias, Assembleia Interparlamentar da Ortodoxia e «Together for Europe»
Os responsáveis de quatro organizações representativas de Igrejas na Europa rejeitaram hoje a manipulação de “valores cristãos” por discursos racistas, na campanha para as próximas eleições europeias.
“Apelamos aos grupos políticos das instituições europeias, aos partidos políticos e aos candidatos a deputados europeus a lutar contra a instrumentalização dos valores cristãos para interesses políticos e na perspetiva de narrativas étnico-raciais”, indica uma declaração conjunta, divulgada hoje.
O texto é assinado pelos responsáveis da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE, Igreja Católica), Conferência das Igrejas Europeias (CEC), Assembleia Interparlamentar da Ortodoxia e o movimento ecuménico ‘Together for Europe’ (Juntos pela Europa).
Os subscritores desafiam as forças políticas a “reconhecer os valores cristãos como um dos principais fundamentos do projeto europeu”, implementando de forma mais alargada o Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, no que diz respeito a “um diálogo aberto, transparente e regular com as Igrejas e associações religiosas”.
A declaração pede ainda a promoção dos “valores cristãos nos programas políticos e nas campanhas pré-eleitorais”.
As eleições para o Parlamento Europeu vão decorrer nos vários Estados-membros, de 6 a 9 de junho de 2024.
A declaração alerta para o impacto da insegurança e o medo sobre o futuro da Europa e do mundo.
“O medo motiva alguns a procurar soluções e apoio espiritual numa versão objetivada e instrumentalizada da tradição, por vezes disfarçada de apelo aos ‘valores tradicionais’. Nestes casos, os conceitos de ‘pátria’ e ‘religião’ são transformados em armas e figuras históricas duvidosas são transformadas em heróis”, indicam os responsáveis cristãos.
Estes desafios são acompanhados por uma crise de valores mais alargada no espaço europeu, que põe em causa os princípios e as instituições democráticas. Os cidadãos europeus tornaram-se, também, mais conscientes da dificuldade dos centros de decisão europeus em responder eficazmente a estas realidades”.
Os representantes das Igrejas lamentam a “exclusão de qualquer referência adequada aos valores cristãos nos textos relevantes da União Europeia”.
“Uma grande parte dos cidadãos, que olham com confiança para o futuro europeu através do prisma dos valores cristãos, sentem-se agora marginalizados, pois não têm a oportunidade de expressar as suas posições e opiniões de forma autónoma e distinta”.