A Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo do ser humano na sua totalidade.
O termo é de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ser humano) e “logos” (conhecimento).
A reflexão dos seres humanos no seu comportamento social é conhecida desde a Antiguidade Clássica no pensamento de diferentes filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles.
Os estudos sobre o ser humano e a sua diversidade cultural, civilizacional e religiosa, tornam-se multidisciplinares e procuram reflectir sobre todas as dimensões da vida humana.
A Antropologia Filosófica investiga as questões culturais que envolvem os seres humanos, como os costumes, os mitos, os valores, as crenças, os rituais, a religião, a língua e outros aspectos também fundamentais na formação da cultura, como a “Antropologia do Pudor”. Esta, porque se relaciona directamente com o corpo humano e a sua dignidade, é o tema deste texto, considerando também que nos nossos dias estamos a viver um contraste imenso na forma como algumas pessoas ou povos protegem ou não a sua intimidade corporal.
Sente-se a premência de “uma reflexão filosófica e teológica que preste o seu contributo na compreensão das divergências culturais, sociais e religiosas.
“A consideração do que é essencialmente a pessoa humana conduz e integra uma reflexão sobre a necessidade de resguardar, proteger, preservar o que há de mais íntimo, nuclear e profundo na própria constituição do ser pessoal. Essa necessidade traduz-se no pudor que, considerado de uma forma positiva e radicada na própria realidade da pessoa, não é senão essa proteção que garante a integridade e identidade pessoais na sua intimidade inalienável”.*
“A tendência natural a ressalvar a privacidade, a resguardar a intimidade da vida familiar e a interioridade pessoal, é a expressão geral desse fenómeno do pudor, nas suas diversas manifestações e nos diferentes âmbitos nos quais se desenvolve a vida humana”.*
“A cultura e a arte são realizações humanas que exprimem todo o valor da pessoa como ser inteligente, livre, dotada de uma sensibilidade peculiar que lhe inspira modos e meios de expressão nos quais se manifesta toda a sua criatividade, mas também nos quais se salvaguarda essa intimidade inviolável, esse modo de ser único, irrepetível, alvo de um respeito do qual não se pode prescindir”.*
Hoje no nosso ambiente é frequente cruzarmo-nos com mulheres de outros continentes, culturas e religiões diferentes e constatamos que mesmo longe dos seus países, são fiéis às suas tradições no modo como cobrem o seu corpo ou o seu cabelo. Faz parte da sua maneira de ser e de se sentirem elas próprias no registo da sua educação e formação.
Porém, na Europa e no Ocidente, nomeadamente a partir dos anos sessenta do século passado, as mulheres abdicaram da sua tradição cristã e de se vestir com elegância e pudor, passando a seguir os ditames da “moda”, das revistas, dos filmes, das novelas e, um pouco sem quererem ou darem por isso, resvalaram para uma forma de (des)proteger o seu corpo de modo tão reduzido que lhes devassa a intimidade.
Digamos que o vestir se foi tornando num despir!!!
*Estas reflexões tiveram por base o livro Antropologia do Pudor, da autoria de Luísa Barbedo