Confesso que quando me deparei com esta frase de Karl Marx numa sua obra intitulada “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, fiquei um pouco perplexa. No nosso reduto lusitano, de cariz salazarista, esta terminologia não existia em qualquer Faculdade, tão pouco sabíamos o que era “ópio”.
Mais tarde percebi, graças a outras leituras, outros estudos e alguma sétima arte, que na Europa intelectual, já existiam “casas de ópio”, um luxo para ricos, por isso não seria de todo invulgar usar aquela expressão.
Ainda no século XIX, Friedrich Wilhelm Nietzsche escreveu vários textos criticando a religião, a moral, a cultura contemporânea, a filosofia e a ciência.
“Deus está morto” é uma frase muito citada por este filósofo alemão, querendo expressar a ideia de que o Iluminismo havia eliminado a possibilidade da existência de Deus. No entanto, os seguidores desta afirmação, acentuaram fortemente a Morte de Deus dando à frase um sentido literal, significando que o Deus cristão que existiu, deixou de existir.
Não deixa de ser um paradoxo, afirmar que “Deus está morto”, na medida em que, por definição, Ele é eterno e todo-poderoso.
Todavia o significado mais óbvio e importante foi insinuar que na civilização ocidental, a religião em geral e o cristianismo em particular, estavam num declínio irreversível, perdendo o lugar central que ocupou nos últimos dois mil anos, na política, na filosofia, na ciência, na literatura, na arte, na música, na educação, na vida social quotidiana e na vida espiritual interna dos indivíduos.
No passado, a religião era o centro da cultura europeia. As maiores músicas, como a Missa em Si menor de Bach, eram de inspiração religiosa. As maiores obras de arte da Renascença, como a Última Ceia de Leonardo da Vinci, geralmente levavam temas religiosos. Cientistas como Copérnico, Descartes e Newton eram homens profundamente religiosos. A existência de Deus desempenhou um papel fundamental no pensamento de filósofos como Tomás de Aquino, Descartes, Berkeley e Leibniz.
Muitos sistemas educacionais eram governados pela igreja. A grande maioria das pessoas foi baptizada, casada e sepultada pela Igreja, a qual frequentou regularmente durante toda a vida. Mas a sociedade foi-se tornando mais secular e com o advento da ciência, intelectuais, cientistas, filósofos, escritores e artistas foram renegando a crença religiosa, passando a acreditar nas propriedades científicas para minorar o seu sofrimento físico ou psíquico. Assim a religião passou a ter um efeito “placebo” uma espécie de alívio ilusório, no que diz respeito ao sofrimento dos pobres, remetendo-se, como facilmente se perceberá, para os efeitos conhecidos do ópio: um forte poder hipnótico e euforizante, que alivia dores e sofrimentos.
Volvida a primeira metade do século XX, Jean Paul Sartre, um existencialista ateu no auge de euforia em pleno Maio de 1968, defende que “o inferno são os outros”, para além duma existência sem essência divina ou espiritual, só nos aguarda o absurdo ou o nada.
Fez moda em todos os sectores, paulatinamente os símbolos religiosos cristãos foram sendo retirados da sociedade, os crucifixos saíram das escolas, dos hospitais e de outras instituições, os governos laicos rapidamente se tornaram laicistas e perseguidores, directa ou indirectamente da devoção a Jesus Cristo, Filho de Deus, que encarnou e Se fez homem para nos salvar.
Se o seu primeiro pedido foi “amar a Deus sobre todas as coisas”, logo lhe acrescentou um outro não menos importante “ e amai os outros como a vós mesmos”.
“Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”
Como será possível entender a máxima wokista sempre a anunciar ou denunciar o discurso de ódio?
O bullying, a mentira e a difamação sobre os outros, o levantar de suspeitas ou o camuflar de crimes que lesam inocentes para toda a vida terrena?
O inferno existe, mas não são os outros. Deus está vivo, cuida de todos nós pedindo-nos que cuidemos uns dos outros, de toda a espécie animal e vegetal, dum planeta que foi criado por Ele para nosso regalo e benefício. Não necessitamos de ideologias vulgares e tergiversadas, temos o Antigo e o Novo Testamento, está lá tudo, é só ler, compreender e seguir, pois através deles é Deus que fala ao homem, desde que exerça a sua capacidade da Liberdade que lhe foi atribuída como dom divino, de poder escolher o Bem ou desviar-se e afundar-se no abismo.
Verdade, a Religião é um bálsamo, é uma bênção, é uma tábua de salvação para que com a nossa Fé esclarecida pela Razão, nos deixemos iluminar e guiar – “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim”. Deus é Amor!