Lemos no livro do Génesis que Deus manda o Homem trabalhar. Além de “Crescei e multiplicai-vos” Jesus deu ao Homem a tarefa de governar a Terra. O trabalho dignifica e através dele são desenvolvidas inúmeras virtudes. S. Josemaria, um santo do século passado, fundador do Opus Dei, recordou aquilo que sendo tão antigo como o início do cristianismo, mas que parecia esquecido pela maioria dos cristãos, que qualquer Homem podia aspirar à santidade, convertendo todas as suas tarefas desde as mais pequenas às maiores, em meio de santificação, afirmando” a vocação cristã consiste em transformar em poesia heroica a prosa de cada dia”.
Se esta é a vocação cristã, ou seja , aquilo a que Deus nos Chama e, portanto, o que nos torna felizes, assim aqueles que não trabalham só podem encontrar a tristeza. Podem perguntar então e as crianças? E os doentes? São necessariamente infelizes? Claro que não! Sabemos bem que as crianças são naturalmente alegres. O trabalho das crianças é brincar e quando chegam à idade escolar é estudar. Por outro lado, o trabalho dos doentes é levar com garbo os seus padecimentos. Quando se aborda o tema do trabalho não é apenas o trabalho profissional, contudo, é sobre este que pretendo reflectir.
Nestes últimos tempos, pelo menos na cidade onde vivo que é o Porto, observo que em muitos sectores há falta de recursos humanos na restauração, nas lavandarias e a frase de quem me atende é sempre esta “ninguém quer trabalhar!”. Este fenómeno não deixa de ser preocupante pois, se por um lado ouvimos desabafos como este, por outro lemos e ouvimos nos meios de comunicação social que o número de desempregados está a aumentar” Se há postos de trabalho por preencher com é possível o número de desempregados ser cada vez maior?
Penso que uma das explicações é a gratuitidade do subsídio desemprego, isto é, o desempregado recebe uma quantia do Estado sem dar nada em troca- Ora, muitos pensarão, se eu posso estar em casa a ganhar sem trabalhar porque me hei- de esforçar? Até porque trabalhar comporta gastos na deslocação, na alimentação. Sendo desempregados saudáveis, estes deveriam ser obrigados a desempenhar uma tarefa em prol da sociedade, ou seja a favor daqueles que através dos seus impostos os estão a sustentar, Por exemplo, vemos imensos locais com folhas, lixo onde se um dia há um incêndio, teremos certamente, alguma surpresa bem desagradável. Por outro lado, em alguns serviços públicos em que há falta de recursos humanos, estas pessoas poderiam ajudar trabalhando algumas horas. Atualmente estamos a fomentar o crescimento de parasitas e o que não me parece nada justo é uns estarem a trabalhar e outros, com saúde “viverem à sombra da bananeira”.