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Males opacos, bens luminosos e discernimento sinodal

  • Junho 13, 2022
  • Religião
  • Padre Aires Gameiro

Nos tempos de docente de psicologia, aceitava o desafio de falar das diferenças entre os criminosos e os doentes mentais. Sobre os desalmados e os de sentido moral. Era tão simples, convencia-me. Passados anos tornou-se complexo e opaco e surgia a mistura entre o científico, consciência moral e ideologias. Veja o que se passa sempre que há homicídios em casa, tiroteios de rua, escola e grupos casuais. Todos falam, mas o osso mais duro vai para juízes, advogados e peritos. Nem sempre atingem consensos.

Ao ler mais centenas de artigos sobre a guerra a decorrer, comentou um leitor: menos se entende, é uma guerra absurda. Todos alvitram sobre desequilibrados e patifes? Será que se entende melhor o mal ou o bem? Na vigília do Pentecostes lê-se a narrativa da torre de Babel com o tema central: muito falar, pouco entender; todos falam, ninguém se entende. Haverá confusão semelhante neste mundo de inteligência natural e artificial? Ou o mal é ininteligível para inteligentes? Naquelas outras narrativas do início da Bíblia sobre Adão e Eva e o diabo, tentemos imaginar as consequências da desordem de acreditarem na serpente-diabo e não em Deus. Logo depois Caim mata Abel e seguem-se mentiras, violências, vinganças, guerras, sofrimento e matanças até hoje. Acrescentem a poluição difusa atual: terra, oceanos, ares e climas cheios de lixo; e a sede, fome e doenças devidas a desordens humanas. E que mais imaginar? Um mestre repetia que todos levamos nos lábios o beijo de traição de Judas. E refletia que a gravidade de uma ofensa a Deus só Ele, o ofendido, a avalia.

Na maioria dos casos os ofensores são in-conscientes do mal: quanto mais se negar que se depende de Deus mais o ato mau é opaco e ininteligível; o homem faz  experiência de ateu vazio de senso moral. Na história da moral há três expressões que têm cansado os investigadores da maldade do agente, nos atos maus em relação a Deus. Os atos bons, esses, são luminosos. O problema é se há males absolutos. Uns dizem que sim, outros, que depende das situações (situacionismo) e do proporcionalismo das circunstâncias atenuantes. O ato mau não seria ato mau absoluto, mas atenuado pelas circunstâncias concretas da vida de quem pratica algum bem ligado ao ato mau. Será que, por exemplo, se pode fazer o mal, matar(-se), para conseguir um fim bom? Mas há um princípio que diz que o fim não justifica os meios maus. E ainda: se tirar a vida a bebés antes de nascerem e a velhinhos antes de falecerem não é mal, então nada será mal. Para quê penalizar quem enche de lixo o ambiente e quem maltrata os animais e não penalizar outros males aos seres humanos? Como discernir? Mentir a si mesmo?

Na Igreja está-se a participar no caminho sinodal em que todos são convidados a refletir e falar para discernir entre o bem e o mal. Dada a opacidade do mal e a dificuldade de o discernir sozinho, espera-se que a sinodalidade, em que todos falem, ajude a ver claro. O sinal do blá, blá, da torre de babel torna-se um alerta. Os catecúmenos, mesmo batizados, precisam da palavra de quem distingue o bem do mal, e oriente bem. O demónio como pai da mentira só confunde e engana. O diabolos divide, corrompe; o Spiritus une e dá vida plena aos elementos do corpo. Mas a luz da verdade vem das três pessoas da Santíssima Trindade, um só Deus, em que a Igreja acredita e celebra por ter sido ensinada por Cristo. Desde sempre a Igreja escuta as palavras de Jesus e os ensinados por Ele a ser sal da terra e luz do mundo que não o corrompem e fazem o bem. A isso chama-se evangelização, catequese, educação para a fé cristã. Só é bom a aconselhar quem se une ao Conselheiro, Espírito Santo, enviado por Jesus e o Pai.

Perguntaram a um batizado que vivia perto da igreja se ia às celebrações. Deixe cá pensar… Há mais de vinte anos que não participo nesta nem noutra. Não disse que é batizado? Sim, mas não preciso de ouvir o que nela se lê e explica, não acredito.

Rejeitar a palavra de Deus não será ateísmo? A sociedade atual em vez da cultura cristã segue o frenesim da moda socializante do indiferentismo e azedume autossuficiente para com a Igreja e a religião. Dominam as tendências partidárias de socialites vistosas que dividem, fraturam e mergulham a sociedade em nevoeiro e escuridão babélica que rejeita o sentido do Criador da cultura e fé cristã. Quem lhe dará transparência, luz, paz e vida?

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