O começo:
Um dia aconteceu
Nova jornada
E lá se fomos
A um novo desafio.
Pelo tempo, 58 anos já decorreram; no começo de dezembro de 1964, alguns se formaram em contabilidade e outros no curso científico. Próximo passo, enfrentar um vestibular e ingressar na faculdade opção do ideal, ao futuro profissional de cada um.
No início estivemos dispersos; cada um buscando as próprias e necessárias informações. A faculdade, data do vestibular – quase sempre no início de fevereiro – e um eventual cursinho pré-vestibular. Nem sempre os pais tinham condições de manter os filhos em Porto Alegre; buscar um trabalho de meio turno era a opção.
Por minha vez fiquei na casa da minha tia Ilma Augustin e a frequentar o Curso Mauá, na Rua Dr. Flores. Por mais de mês lá fiquei, em companhia do meu primo Carlos, que já trabalhava na Sandoz; o cursinho acontecia pela tarde. Tive uma professora de história, de nome Iary Marotta, que depois foi minha colega no curso de direito.
Depois do vestibular, com o Tamir aprovado em educação física, Laranjeira em odonto, eu em direito e o Mário do Canto frequentando um cursinho para ingresso em medicina, estávamos prontos a começar uma nova etapa, um ciclo superior. O começo foi traçado em nossa cidade, com indicações de pessoas que já haviam percorrido o mesmo caminho, anteriormente.
Principiamos a jornada, morando na famosa Pensão Seleta, que ficava na Rua da Praia, um pouco depois do Cinema Cacique, quase defronte do Hotel Majestic – fomos vizinhos do Mario Quintana. Era pensão completa: um quarto grande e três refeições diárias. Só os banheiros eram coletivos.
Com a ajuda do meu padrinho Acyr Oliveira, consegui um emprego no Sulbanco da Barros Cassal; depois arrumei uma vaga para o Tamir. O seu Klaus, contador da agência, era oriundo de Montenegro e gostava do pessoal da nossa terra. O Mário foi trabalhar no Banco da Província, que pagava um pouco mais.
O salário inicial foi de CR$60,00; depois passamos a receber Cr$66,00; ganhávamos uma pequena gratificação semestral, por conta dos balanços – dava para viver relativamente bem, mas sem praticar exageros. Os nossos pais ajudavam no pagamento das despesas da faculdade e dos livros.
Pelas andanças na Capital, depois de algum tempo, alguém descobriu um prédio na Riachuelo, onde alugavam quartos, já mobiliados, a um preço módico, próprio para estudantes. Alugamos um grande quarto fronteiro à rua. Por lá ficamos, até que nos falaram dos apartamentos na Galeria Nação, em dois andares. O prédio estava nos acabamentos finais.
Os apartamentos eram de propriedade dos padres salesianos, sob a administração do escritório de advocacia do Dr. Ferrugem. Alugamos o apartamento 1818. Tudo foi fácil e rápido. A despesa maior foi com o mobiliário do apartamento. Na Farrapos encontramos uma loja com preços convidativos; compramos dois beliches e quatro colchões crina/lã, Meus pais nos deram um fogão de duas bocas e um rádio de válvulas.
Cada um levou talheres, pratos, panelas e demais artigos de cozinha. Vez por outra alguém cozinhava alguma coisa; na maioria das vezes, porém, almoçávamos fora; o melhor lugar era o do restaurante do Banco da Província – o Mário arrumava ticket para a gente.
Assim foi o nosso começo em Porto Alegre.