Um bando de crianças judias, cristãs e muçulmanas organizava jogos e desportos próximo de Nazaré em Israel onde a maioria vivia. Tinham-se conhecido em encontros escolares e outros organizados pelos padres franciscanos que tomavam conta da basílica da Natividade em Nazaré. Embora de religiões distintas, eram muito amigos e além dos jogos e brincadeiras compartilhavam sonhos e projectos tendo todo o apoio dos irmãos franciscanos. Uma das muitas coisas que gostavam de fazer era ajudar na construção do presépio e da árvore de Natal que os irmãos sempre queriam na entrada da igreja de S José ou nos alpendres da basílica.
Quando deflagrou o conflito entre Israel e o Hamas, os miúdos ficaram muito tristes pois recearam que não pudessem continuar com os seus simpáticos convívios. Então resolveram reunir-se para ver como se manteria a paz entre todos e para tal convidaram o irmão João que era o franciscano que mais tempo dedicava às crianças. Este explicou-lhes que estávamos no Advento, tempo dedicado à preparação da vinda do Messias, o Menino que veio para nos salvar a todos e que amou e ama a todos igualmente, qualquer que seja o seu credo religioso.
Disse-lhes que Jesus, assim se chama o Menino, devia estar muito triste com a guerra e o que todos devemos fazer é rezar e tentar consolá-Lo fazendo boas acções, como por exemplo ajudar todos os que precisam ou vivem sós. Nesta altura Ali, Noah e José quase em uníssono disseram que tinham uma ideia: formariam grupos e visitariam todos os que se conhecia terem necessidades ou vivessem sós. Levariam o que pudessem recolher entre conhecidos e familiares, organizariam cânticos e pequenas récitas para alegrar idosos e crianças e pediriam a esse Menino e sua Mãe que os ajudasse e principalmente fizessem com que a sua terra voltasse a ter paz. As crianças propuseram também que os grupos se chamassem “Os amigos da paz”. Finda a reunião foram todos saudar Maria de Nazaré que os acolheu com um imenso sorriso, dizem os adultos que se encontravam na basílica da Natividade.
A partir deste dia entre os sinos das igrejas cristãs, ortodoxas e as chamadas à oração dos minaretes das mesquitas ouvia-se um som cristalino de vozes infantis a cantar
“Noite de paz
Noite de amor
Tudo dorme em redor
Entre os astros que espalham a luz
Bela, indicando o Menino Jesus
Brilha a estrela da paz
Brilha a estrela da paz.”