Desejo lembrar, entre missionários hospitaleiros, dois deles. Um foi um evangelizador incansável pela escrita, pela palavra pregada e anunciada pela rádio, o Pe. Nuno Filipe. O outro foi missionários durante trinta anos além-mar, o Pe. Manuel (Bento) Nogueira, já servo de Deus, ambos dos lados de Fátima, Santa Catarina da Serra e S. Simão de Litém, respetivamente.
O Pe. Nuno Filipe, (1924-2011), dos hospitaleiros de S. João de Deus, faria este ano 100 anos, como fazem a revista Boa Nova e a Casa de Saúde de S. João de Deus, Funchal, onde escrevo, e ele foi capelão 18 anos. Em 1972, quando diretor da revista Hospitalidade, iniciada em 1936, ele entendeu que a Província podia dispensar esta revista em troca de uma parceria com a Boa Nova de que ele seria colaborador. Os superiores aceitaram e desde então o P. Nuno publicou dezenas de artigos na Boa Nova sobre as missões, a pastoral vocacional e grande variedade de outros temas.
Pessoalmente, aceitei colaborar até ao presente. No fim de 1972 foi, porém, decidido manter a Hospitalidade como revista de saúde mental de que fui diretor e redator durante 26 anos. Nesse ano o servo de Deus Pe. Manuel (Bento) Nogueira, missionário e enfermeiro, rumou para Nampula, onde se entregou, de alma e coração, à hospitalidade evangelizadora, com outros Irmãos, durante 30 anos a leprosos e doentes mentais, como missionário e enfermeiros diplomado que era até falecer em 2003.
O seu processo de beatificação foi aberto em 5 de abril de 2004, na igreja do Sagrado Coração de Jesus da Casa de Saúde do Telhal, por D. Rui Manuel Sousa Valério, Patriarca de Lisboa. Não tenho a certeza se o Pe Manuel Nogueira terá colaborado com a Boa Nova, na Hospitalidade e Boletim da Província, publicou muitos. O Pe. Nuno foi incansável nos seus artigos sobre missões, sendo alguns inseridos no seu livro, publicado em coedição com a Editorial Missões, ligada à Boa Nova, em 1994, sobre os 50 anos de presença dos Irmãos em Moçambique, sobre atividades missionárias e notícias do Pe. Manuel Nogueira, do seu tempo de prisão na qual estava preso duas vezes em Nampula, onde estava também um missionário da Boa Nova, o Pe. José Maria dos Santos, uma vez na Machava e outra em prisão domiciliária em Maputo.
O Pe. Nuno Filipe foi um poligrafo incrível: conta duas dezenas de livros e brochuras, mais de 250 artigos na “Hospitalidade”, cerca de 100 no “Boletim Familiar da Província”, mais de 50 na revista Boa Nova, centenas de notas lidas no Posto Emissor do Funchal e não é tudo. No livro-entrevista de Tomás Freitas, “Uma Força de Deus, Padre Huno Filipe, O.H.”, (Ed. Lucerna,2024, 266pp.), que vai ser apresentado na sua terra, Santa Catarina da Serra, a 14.07.2024, este hospitaleiro continua a evangelização de jovens e adultos.
E agora lembrei-me do Pe. João Gameiro, outro dos 40 missionários hospitaleiros, a perguntar em 1941 na terra dele a um grupo de jovens: «quem quer ir comigo para missionário?» e logo o Manuel Nogueira e o Aires Gameiro disseram: eu, eu! E vieram juntar-se a duas dezenas de outros Irmãos. O Irmão Nuno foi prefeito da Escola Apostólica. Em 1950 estes dois juntaram-se a ele em Angra do Heroísmo como alunos externos do Seminário onde ele foi ordenado em 8.12.1954 e iniciou a sua vida de sacerdote hospitaleiro, capelão, mestre de noviços, conselheiro, diretor da hospitalidade, educador, escritor e sempre evangelizador.