Poucos dias antes de sabermos os resultados dos exames nacionais 2024, são divulgadas diferentes listas de ranking dos resultados de 2023 das escolas. Como sempre, trata-se de um assunto sério com a maior frivolidade jornalística. Claro que um diretor de jornal não tem de perceber de estatística, mas tem obrigação de solicitar ajuda a quem perceba. Fizeram-se testes estatísticos para comprovar se as diferenças de resultados são todas estatisticamente significativas? Fez-se uma análise de agrupamento e realizar os devidos testes para agrupar e validar esses mesmos grupos em escolas de excelência, muito boas, boas e medíocres e além disso verificar quais as disciplinas mais responsáveis por essa diferença?
Além de todo este aspecto científico, é necessário recordar às famílias que por um lado, o facto de os únicos exames obrigatórios serem apenas aqueles que se regerem a disciplinas específicas, o escrutínio ao que se passa nas escolas é cada vez menor. Muitos de nós ouvimos histórias acerca de classificações exageradamente elevadas, sobretudo em disciplinas cujo número de alunos a requerer exames é nulo ou diminuto. Por outro lado, muito do ensino privado tem uma carteira de docentes dispostos a dar apoios aos alunos que pretendam, cujo pagamento não está incluído na propina mensal. Assim o Estado, diferencia cada vez mais os alunos com algum poder económico daqueles que não o têm. Claro que isto não significa que não haja alunos com poucos recursos a lograrem bons resultados, mas são em menor número certamente.
Um outro aspecto não menos importante e pouco ou nada discutido é a indisciplina. A figura de professor não é devidamente respeitada pelas famílias e pela sociedade em geral. No ensino privado um aluno indisciplinado é convidado a sair, isso não pode acontecer no ensino público pois é considerado traumatizante, curiosamente não é traumatizante os outros alunos que querem aprender e terem as suas aulas interrompidas sistematicamente devido ao comportamento impróprio desses colegas. Finalmente, não podemos ser ingênuos, aos diferentes governantes é bastante conveniente que as famílias, mesmo que isso exija muito sacrifício, optem pelo ensino privado pois assim a despesa pública diminui.