Os registos históricos revelam que a escravatura é bem mais antiga do que as pirâmides do Egipto e que tem sido transversal a todas as sociedades suficientemente prósperas para a permitirem, incluindo muitas sociedades aborígenes. Os índios americanos do Noroeste, por exemplo, praticavam a escravatura em grande escala, muito antes da chegada de Cristovão Colombo.
As sociedades gregas e romana foram grandes esclavagistas, eram extremamente dependentes da utilização em larga escala do trabalho dos escravos, tanto no campo como nas cidades.
«Apesar de ser politicamente correcto, é absurdo afirmar que os europeus obrigaram os africanos a ser submetidos ao tráfico de escravos. A escravização e venda de negros africanos por outros negros africanos remonta, pelo menos, ao antigo Egipto – os faraós compravam escravos negros em grande quantidade. Além disso, como salienta o historiador John Thornton, a escravatura era intrínseca “a muitas, senão a todas, sociedades pré-coloniais africanas”. Quando se deu a descoberta do Novo Mundo, a exportação de escravos negros já se efectuava há vários milhares de anos – nos séculos mais próximos de nós, sobretudo, a sociedades islâmicas – e os traficantes africanos estavam bem organizados e preparados para oferecer uma quantidade aparentemente infinita de trabalhadores de primeira ordem. (…)
O tráfico de escravos era extremamente lucrativo. Em África obtinham-se alguns dos escravos atacando outra tribo e vendendo os prisioneiros, mas a maioria era vendida pelos chefes das suas próprias tribos, que continuavam no poder devido, em parte, à riqueza que podiam exibir perante os seus apoiantes, resultante da venda de escravos. (…)
Clóvis II, rei dos francos, em 649, casou com uma sua escrava; no século VIII, Carlos Magno opôs-se à escravatura, tal como o Papa e todo o clero:” “todos os homens são irmãos, todos têm um único pai, Deus: os escravos e os amos, os pobres e os ricos, os ignorantes e os cultos, os fracos e os fortes. Nenhum se ergue acima dos outros, todos são um em Cristo”.
A Igreja Católica Romana sempre liderou o repúdio da escravatura na Europa e no século XIII São Tomás de Aquino reiterou esta posição, não obstante grande parte do mundo a ter ignorado. Em 1435, o Papa Eugénio IV ameaçou com a excomunhão aqueles que tentavam escravizar a população indígena e em 1537 o Papa Paulo III publicou três documentos importantes contra a escravatura. Nesta época era muito pouco o poder dos Papas, os espanhóis dominavam a maior parte da Itália e em 1527 chegaram ao ponto de saquear Roma, facto que desautorizou todos os documentos papais contra a escravatura.
Quando os Jesuítas leram publicamente uma bula papal contra a escravatura no Rio de Janeiro, uma multidão enfurecida atacou-os e feriu vários sacerdotes. Mais tarde foram expulsos do Brasil, da América Latina e de Espanha.
Apesar das bulas contra a escravatura terem sido ignoradas no Novo Mundo, a verdade é que as tentativas da Igreja Católica acabaram por conseguir que o tratamento dos escravos fosse menos brutal nas sociedades católicas do que nas sociedades protestantes.
De destacar que no século XVI, o Code Noir (Código Negro) francês e espanhol se referia ao facto de os proprietários serem obrigados a baptizar os seus escravos, a dar-lhes uma instrução religiosa e a permitir-lhes o sacramento do sagrado matrimónio, que serviu de base para a proibição de vender separadamente membros da mesma família. Os escravos estavam dispensados de trabalhar aos domingos e dias santos da meia-noite ao meio-dia e os proprietários estavam sujeitos a multas pesadas ou mesmo a verem os seus escravos confiscados se violassem essa obrigação.
Em contraste com estes países, as colónias holandesas e inglesas não tinham nenhum regulamento que definisse a forma de tratar os escravos.
É lamentável que alguns autores e historiadores de cariz marxista, tenham deturpado, omitido ou ignorado estas orientações da Igreja Católica Romana, que muito ajudaram os escravos a conseguir a sua liberdade e dignidade.
De acordo com o relatório anual do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, há em todo o mundo vinte e sete milhões de pessoas que são exploradas numa forma de escravatura moderna, a maior parte delas em países muçulmanos e na África Central.
Uma realidade que muitos querem silenciar e está excelentemente bem estudada e apresentada num livro sério e rigoroso de Rodney Stark “O Triunfo do Ocidente”.