Um grupo de mais de 300 líderes cristãos norte-americanos enviou este mês uma carta ao Departamento de Estado dos EUA instando a que a Índia seja colocada na lista de “países de particular preocupação” no âmbito dos piores violadores da liberdade religiosa do mundo, noticiou nesta quinta-feira, 8, a Catholic News Agency.
A carta, enviada a 1 de agosto e organizada pela Federação das Organizações Cristãs Índio-Americanas da América do Norte (FIACONA), apela a que a Índia seja considerada um “país de particular preocupação”. O Departamento de Estado dos EUA define um “país de particular preocupação” como sendo uma nação que “se envolveu”, ou tolerou, “violações particularmente graves da liberdade religiosa”.
A violência contra os cristãos indianos ‘disparou’ desde a ascensão ao poder, em 2014, do Partido Bharatiya Janata (BJP), nacionalista hindu, do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, afirmaram os líderes cristãos. A FIACONA diz que documentou 1.570 ataques a cristãos em 2023, acima do seu relatório de 2022 que referia 1.198 agressões. Assinam a carta 18 bispos, três arcebispos, 167 clérigos de diversas origens denominacionais e não denominacionais, oito presidentes e reitores atuais ou anteriores de cinco escolas teológicas e líderes de mais de 40 organizações cristãs.
“A Igreja dos EUA está tragicamente silenciosa enquanto a Índia se torna não só o maior aliado da nossa nação na Ásia, mas também a democracia mais perigosa do mundo para os cristãos”, afirmou Pieter Friedrich, membro da direção da FIACONA e jornalista especializado em assuntos do Sul da Ásia. “É encorajador ver a narrativa mudar à medida que, finalmente, centenas de líderes cristãos de diversas origens levantam uma voz para a Igreja perseguida na Índia”, acrescentou.
Para além da designação como “pais de particular preocupação”, a carta de 1 de agosto pede ao Departamento de Estado dos EUA que “responsabilize o governo indiano pela promoção da igualdade de direitos humanos para todas as comunidades religiosas, que considere a aplicação de sanções específicas a agências e funcionários do Governo indiano responsáveis por violações graves da liberdade religiosa e dos direitos humanos e que apoie organizações religiosas independentes e grupos de direitos humanos na Índia e nos EUA que são alvo de ataques por defenderem a liberdade religiosa e os direitos humanos”.
A Comissão dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF) afirmou em 2023 que estava “alarmada com o aumento da perseguição transnacional de minorias religiosas pela Índia e daqueles que defendem os seus interesses”. Ainda em maio deste ano, um relatório da USCIRF incluía a Índia entre os países com a mais violenta perseguição religiosa.