Ao visitar alguém doente estamos convencidos de que fazemos uma excelente obra de misericórdia, contudo frequentemente aprendemos grandes lições de vida. Há semanas atrás fui visitar uma amiga doente mais velha que eu e que já não a via há muito tempo pois não vivemos na mesma cidade. Ela está com problemas de demência. Aquela senhora que costumava dar-me um grande abraço quando me viu, não me reconheceu. Disse com um ar um pouco triste que não sabia quem eu era, disse o meu nome e este nada lhe dizia! Ao ver o seu ar entristecido comecei a brincar dizendo que eu me lembrava muito bem dela e que tinha aprendido muitas coisas com ela e que isso era o importante! Ficou ainda mais surpreendida e no decorrer da tarde várias vezes perguntou o meu nome. Tem o hábito de ir diariamente à Santa Missa e questionava várias vezes se já tinha ido ao que lhe respondia: “Claro que sim, foste de manhã”. Conversamos sobre vários assuntos e o que tinha sido realmente importante na sua vida ela não tinha esquecido. Todas as semanas se confessa e recebe formação doutrinal e espiritual, durante aquela tarde perguntou frequentemente se não era o dia da semana estabelecido para esse fim.
Quando chegou a altura do lanche havia uns doces regionais que tinha levado e reparei que a minha amiga não tinha provado nenhum, quando perguntei se ela não comia, disse-me que estava satisfeita e que provaria depois. Eu sabia que gostava deles e disse-lhe que ficava triste pois tinha-os levado para ela. Então pegou num e comeu os olhos riam-se de contente parecia uma criança pequena a comer o seu doce. Estava esquecida mas tinha interiorizado de um modo admirável o que S. Josemaria deixou escrito no ponto 681 do livro Caminho “No dia em que te levantares da mesa sem teres feito uma pequena mortificação, comeste como um pagão”. Esquecida, esquecida mas não do seu Amor que é Deus. Uma pessoa fidelíssima na saúde não deixa de o ser na doença!