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A medalha de Nossa Senhora

  • Novembro 30, 2024
  • Religião
  • José Maria C. da Silva André

Medalha pedida por Nossa Senhora

 

No ano de 1830 (há quase 200 anos), o dia 27 de Novembro foi um sábado. Às 17h30, a Irmã Catherine Labouré, das Filhas da Caridade, uma sociedade fundada por S. Vicente de Paulo e Santa Louise de Marillac, fazia a sua oração diante do quadro de S. José na capela da rue du Bac, casa-mãe das Filhas da Caridade, em Paris.

De repente, vê Nossa Senhora sobre uma hemisfera, pisando uma serpente, segurando nas mãos um globo terrestre encimado por uma cruz. Catherine ouve: «Este globo representa o mundo inteiro, a França e cada pessoa em particular». Numa segunda imagem, vê Nossa Senhora abrindo as mãos com raios resplandecentes: «Estes raios simbolizam as graças que ninguém pede». Forma-se uma oval em torno da aparição com a inscrição em letras douradas: «Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós» («Ô Marie conçue sans péché, priez pour nous qui avons recours à vous»). Catherine ouviu então uma voz:

— «Cunha uma medalha com esta imagem. Quem a usar confiadamente receberá grandes graças».

A imagem roda e, no reverso, aparece uma cruz por cima das iniciais de Maria e, em baixo, dois corações, um coroado de espinhas e o outro trespassado por uma espada.

Passado uns dias, Nossa Senhora voltou a aparecer e a pedir-lhe novamente que mandasse cunhar a medalha.

A Irmã Catherine contou tudo ao seu confessor, que lhe disse para esquecer aquelas imaginações, no entanto, ele próprio foi falar do assunto a Mons de Quélen, Arcebispo de Paris. As circunstâncias eram tão difíceis que a própria Virgem Maria tinha comentado à Irmã Catherine que «os tempos eram maus».

O anticlericalismo grassava, o Governo não tinha força para impedir os revolucionários de perseguir os católicos, o Arcebispo de Paris governava a sua diocese refugiado na clandestinidade. Sobretudo, do ponto de vista do Arcebispo de Paris, era relevante que aquela medalha fosse uma tomada de posição clara acerca da Imaculada Conceição de Maria, porque na época se discutia na Igreja a oportunidade de proclamar esse dogma. Só 24 anos depois, no dia 8 de Dezembro de 1854, é que o Papa Pio IX proclamaria o dogma da Imaculada Conceição. Mons. de Quélen percebeu tudo o que estava em causa, mas autorizou a cunhagem da medalha.

Foram tantos os milagres, que o povo passou a chamar-lhe a «medalha milagrosa». A expansão foi extraordinária.

Em poucos anos, cunharam-se milhares, centenas de milhar, milhões, milhares de milhões de medalhas, por todo o mundo. Por exemplo, durante o carnaval de 1832, uma terrível epidemia de cólera semeou o pânico em França: em poucas horas, morreram 20 mil pessoas. A medicina racionalista foi impotente, mas as Filhas da Caridade continuaram a cuidar dos doentes, sem medo de entrar nos tugúrios mais pobres, nem medo do contágio. Todos aqueles que receberam a «medalha milagrosa» salvaram-se e muitos deles converteram-se. Elas próprias, continuamente em contacto com os doentes mais graves, salvaram-se incólumes da epidemia: nem uma só Filha da Caridade foi infectada!

A Irmã Catherine teve uma vida muito simples, sem chamar a atenção, num hospício das Filhas da Caridade dedicada a servir os pobres, sem-abrigo ou mutilados da revolução e das guerras. Só quando ela morreu, as religiosas que viviam com ela contaram alguns dos episódios da sua vida.

Levaram o corpo para a capela da rue du Bac. O Papa Pio XII canonizou-a em 1947.

 

 

Na sua recente Encíclica acerca do Sagrado Coração de Jesus e também do Imaculado Coração de Maria, o Papa Francisco cita abundantemente S. Vicente de Paulo, fundador das Filhas da Caridade. Além disso, decorre o aniversário da principal aparição a Santa Catherine Labouré, a 27 de Novembro, e estamos a poucos dias da grande festa de 8 de Dezembro, solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Motivos de sobra para recordar esta história da medalha pedida por Nossa Senhora.

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