O tempo passa rápido e parece estarmos já às portas do Natal. Há muitos anos atrás encontrava-me com os meus filhos na cidade de Roma. Mais precisamente na Praça de São Pedro, no Vaticano. Gozávamos férias de Natal. Ao entrarmos o nosso coração ficou fascinado e encheu-se de ternura. O Presépio de Natal exposto era de uma beleza ímpar! As figuras que o representavam faziam-nos sentir que vivíamos um momento sobrenatural. Por todo o recinto ecoava o som da música: Adeste Fidelis. Sublime!
Se me permitem transcrevo um pouco da sua letra. Adeste fideles, laeti triumphantes: Venite in Behtleem: Natum videte Regem Angelorum. Venite, adoremus. Venite adoremus Dominum. (Fiéis alegres e triunfantes venham a Belém contemplar o nascimento do Rei dos Anjos. Venham, vamos adorar o Senhor). Depois da visita ao Presépio, dávamos um passeio pelo recinto, admirando a sua beleza, esplendor e grandiosidade, não esquecendo a majestosa Árvore de Natal. Deixávamos a Praça de São Pedro com um sentimento de paz, de felicidade e de tranquilidade. Havia ainda um tempo dedicado a visitar os famosos Presépios de Roma expostos nas diferentes igrejas desta cidade.
Regressei a Lisboa com o firme propósito de visitar os Presépios de Lisboa. E descobri fascinada os maravilhosos Presépios de um dos mais famosos escultores, Joaquim Machado de Castro, (1731/1829) que são de uma beleza indiscritível! Depois de ter visitado vários, hoje dou ênfase a uma maquineta com um Presépio, o único datado e assinado pessoalmente pelo escultor, existente numa capela do deambulatório da Sé Catedral de Lisboa.
Está escrito no Presépio em latim “Inventi et fece”. (Imaginei e realizei), Joach. Machado de Castro, 1766. Que minuciosidade, que lindas representações não só das figuras alusivas ao nascimento de Jesus mas também das diferentes figuras que ilustram a vida existente nessa época. O azul do céu, tão bem representado, com as inúmeras estrelas e os anjos, deixaram-me boquiaberta. Como é possível existir tanta criatividade, tanta beleza. Que grande talento possuía o nosso afamado escultor! Passei a visitar os Presépios de Lisboa e a descobrir Presépios belíssimos que não conhecia de todo.
Outro gosto que possuo é a representação da figura do Menino Jesus. Recordo a emoção que sentia, por ocasião do Natal, quando são expostos os “Meninos Jesus”, os quais no final da missa o sacerdote dá a beijar aos fiéis que o queiram fazer. Havia um que era lindo, com um vestido que o cobria, adornado com rendas e galões dourados, deitado sobre uma almofada com os mesmos tons, e ao lado um lenço branco com renda, para O limpar depois de o beijar. Parecia que nos fitava indefeso, com um olhar tão doce que só apetecia acariciá-lo.
Um dia, enchi-me de coragem e perguntei ao sacerdote se era possível, quando fosse retirado da igreja, ser-me emprestado por alguns dias. Com grande espanto meu, o sacerdote anuiu. Que grande responsabilidade! Ficou uns dias em minha casa, abençoando a família e o lar. Sentimo-nos muito felizes e gratos pela oportunidade que nos foi concedida.
É assim o Natal. Apesar das dificuldades existentes, sentimos o coração repleto de alegria, porque Jesus veio para nos salvar.