Há festas do Advento semeadas de perguntas e sinais de Deus Menino no Mundo: S. Nicolau, no dia 6, Imaculada Conceição, a 8, S. João Diogo de Guadalupe, Nossa Senhora do Loreto, a 10, e Nossa Senhora de Guadalupe, a 12. Estas festas continuam a questionar e a dar respostas que põem outras questões que fazem pensar e suscitam mais questões e outras luzes.
Deixemos agora as festas de S. Nicolau e da Imaculada Conceição. A de Nossa Senhora do Loreto, põe muitas questões a que nem sempre tem sido possível responder. Os objetos observáveis da festa (a basílica de Loreto) deixa argumentos para além das tradições da destruição da igreja de Nazaré que protegeria a Casa da Virgem Maria pelos sarracenos em 1291 e da suposta transladação pelos anjos, da Casa para a Dalmácia (Croácia), primeiro, e, depois, para Loreto, na Itália, onde se encontra a sumptuosa basílica; ou o eventual transporte das suas pedras em barco.
As festas ligadas a Guadalupe, a de S. João Diogo Cuauhtlatoatzin, canonizado por João Paulo II em 2002, e ao Santuário em Tepeyac onde se venera a imagem da Virgem Maria que lhe apareceu quatro vezes em dezembro de 1531, têm provocado torrentes de perguntas e respostas. A Virgem Maria pediu ao vidente para ir dizer ao bispo D. João Zumárraga que construísse naquele lugar uma “casita” (capela) para o seu Filho. Foi em 9 de dezembro de 1531 que Nossa Senhora se apresentou a João Diogo como «a perfeita sempre Virgem Maria, Mãe de Deus verdadeiro», a fazer esse pedido. Como o bispo não acreditou, no dia 10, muito choroso, João Diogo pediu a Nossa Senhora que mandasse um outro mensageiro importante porque o bispo não acreditava nele.
A Virgem Maria pediu-lhe que voltasse ao bispo e este pediu um sinal para acreditar. Nossa Senhora pediu para João se encontrar com ela no dia seguinte, mas ele no dia 11 foi chamar o padre para ir confessar o seu tio que adoecera. Nossa Senhora saiu ao seu encontro e falou-lhe carinhosamente: «ouve e entende, filho meu, mais pequeno, que é nada o que te assusta e aflige; não se perturbe o teu coração; não temas essa doença (do teu tio) nem outra doença ou ansiedade. Não estou eu aqui, tua mãe? Não estás sob a minha sombra? Não sou eu a tua saúde? Não estás por ventura no meu regaço? Não sofras, nem te inquiete outra coisa; não te aflija a doença do teu tio, que não morrerá dela: fica certo de que já está curado». Nossa Senhora mandou João Diogo colher rosas na colina para as dar de sinal ao bispo. Abrindo a sua tilma, em vez de rosas, João mostrou a imagem de Maria Virgem de Guadalupe do santuário onde tive o privilégio de celebrar em duas peregrinações.
Contra a canonização muitos negacionistas pretenderam provar que João Diogo não existiu por não descobrirem os documentos que esperavam. Nas investigações uns encontravam razões para negar e outros para afirmar baseados em novos dados. Muitas polémicas! Foi criada uma comissão para responder às objeções e foi publicado um volume de mais de 500 páginas; e a canonização foi por diante.
Estas festas do Advento, de uma maneira ou de outra, vão dar ao Natal, focando seus objetos e pessoas. Não pode faltar a Mãe de Jesus, o Menino, as igrejas, capelas e imagens. A basílica de Loreto evoca a casa e o lugar onde Maria Virgem foi saudada pelo anjo Gabriel,Tepeyac evoca Jesus, o Menino do Natal, para quem a Virgem Mãe de Guadalupe pedia uma capela ao bispo Zumárraga (México) por intermédio de João Diogo. E hoje, passados cinco séculos, o santuário dispõe não de uma, mas cinco igrejas, sendo a mais recente para 10 mil devotos. Não é um mal que todos estes objetos-sinais de Natal continuem a suscitar perplexidades.
Deus criou o homem inspirando divinamente o barro e criou-o pessoa de relações semelhante a Ele, capaz de receber revelações mediante questões e respostas. Pessoas divinas e humanas, e até os objetos, são sinais e dons de perguntas e respostas de Deus e dos homens. O objeto-sinal mais rico de questões e respostas é o Santo Sudário venerado em Turim; e não é de esquecer o ícone venerando da imagem de Guadalupe. O de Turim encaminha para a Pessoa do Menino do Natal que deu a vida por amor; o de Guadalupe guia para a sua Mãe. Ambos abrem os corações para o dilexit nos, da Encíclica do Papa Francisco; e a resposta: diligimos eum (ama-nos) pede a do amamo-l’O). Será que ainda surgirão polémicas a impedir a cruz de Cristo em lugares públicos e a manjedoura com o Menino Jesus nas praças de algumas cidades? Afinal nem os extremismos políticos nem os religiosos são razão para da democracia e da religião se fazer tabu. Religião e democracia são expressões e caminhos relacionais entre todos para o bem de todos.Votos de feliz Natal e bem democrático para todos, todos, todos!
Funchal, 12 de dezembro de 2024