Skip to content

Emily Dickinson, 1830 – 1886 The Homestead & The Evergreens – A fazenda e o bosque sempre verde

  • Janeiro 28, 2025
  • Cultura
  • Rosarita dos Santos

 

 

Emily Elizabeth Dickinson é uma poeta – ou poetisa – norte-americana, nascida no estado de Massachusetts, no limite da Nova Inglaterra, lá ela viveu toda sua vida, também lá publicou somente dez de suas obras, as quais compõem o total de 1800 poemas e algumas cartas.

Ela viveu toda sua vida no ambiente da fazenda e das árvores perenes de sua família. Após seu falecimento, a família encontrou 1750 obras, escritas a partir do ano de 1850. Como se vê, a autora é pouco conhecida durante sua vida, mas é considerada uma das figuras mais importantes da poesia americana.

Os poemas publicados eram geralmente editados de forma para se adequar às regras poéticas da época. Então, seus textos eram únicos, eles já continham linhas curtas, normalmente sem títulos, usavam letras maiúsculas e pontuação não convencional. Muitas de suas obras tratam de temas da morte e da imortalidade, e ainda dois tópicos recorrentes em cartas a seus amigos, também exploram estética, sociedade, natureza e espiritualidade.

Em sua enigmática literatura, a autora criou um idioma poético próprio, desprezando as fórmulas ou a regularidade convencional. A partir de elementos triviais, cotidianos, domésticos, do vestuário, por exemplo, bem como de pequenos seres da natureza, Dickinson dá vida às coisas, formando quadros considerados, por vezes, verdadeiramente surrealistas, ou melhor, contra o racionalismo.

Vamos aproveitar um pouco das cartas de Dickinson: aqui temos um início de um de seus textos: “Essa é minha carta ao Mundo / que nunca Me escreveu.”

Esses versos da autora costumam ser tomados como metáfora privilegiada para sua obra, escrita em relativa reclusão ao longo do século XIX. Enquanto publicou apenas seis poemas em vida, ela tinha o hábito de enviá-los a seus correspondentes, incorporando versos à prosa epistolar. Suas cartas são, portanto, fundamentais para compreendermos sua poesia e sua interação com o “outro”, atravessada por uma construção fortemente literária mesmo na correspondência mais cotidiana e pessoal. A seguir, vamos “utilizar” esta fórmula característica de missivas e poesias próximas umas das outras.

Primeiro, “Morri pela beleza”: ‘Morri pela Beleza – e assim que no Jazigo / Meu Corpo foi fechado, /
Um outro Morto foi depositado / Num Túmulo contíguo – / “Por que morreu?” murmurou sua voz. / “Pela Beleza” – retruquei – / “Pois eu – pela /  Verdade – É o Mesmo. Nós / Somos Irmãos. É uma só lei” – / E assim Parentes pela Noite, sábios – / Conversamos a Sós – / Até que o Musgo encobriu nossos lábios – / E – nomes – logo após – ‘ A singularidade deste poema nos choca e nos leva a pensarmos que somos “Parentes” na vida e na morte: aqui estamos nós, aptos para um “abraço”.

Segundo, “Não sou ninguém” ‘Eu não sou Ninguém! Quem é você? / Ninguém –  Também? / Então somos um par? / Não conte! Podem espalhar! / Que triste – ser- Alguém! / Que pública – a Fama – / Dizer seu nome – como a Rã – / Para as almas da Lama!’ Neste poema, conversamos com um interlocutor, afirmando a sua falta de estatuto social; declaramos logo no primeiro verso, que não é ninguém, ou seja, que aos olhos dos seus contemporâneos, não parece ter importância; parece ser uma figura estranha, que vive em isolamento, afastada dos círculos sociais (isso corresponde integralmente à disposição da autora).

Terceiro, “Morrer por ti era pouco” ‘Morrer por ti era pouco. / Qualquer grego o fizera. / Viver é mais difícil – / É esta a minha oferta – / Morrer é nada, nem / Mais. Porém viver importa / Morte múltipla – sem / O Alívio de estar morta.’ Estamos perante uma composição que trata de dois grandes temas da poesia universal: o amor e a morte; a autora declara que morrer pela pessoa que ama seria fácil demais, algo que se repete desde a antiguidade grega, e que por isso, afirma que a sua forma de demonstrar o que sente será outra, ou seja, ela vai viver em nome do ser amado e vai dedicar a sua existência à paixão que a domina.

Se a morte poderia ser sinônimo de descanso, a vida é apresentada como uma sucessão de sofrimentos e obstáculos que enfrentará apenas para ficar perto de quem gosta. E, isso sim, seria o verdadeiro amor.

Para concluirmos, deixamos a nossos amigos o pensamento essencial de nossa Emily Dickinson: “Nesta vida tão breve / De que nos dão só um gole / Quanto – quão pouco – está / Sob o nosso controle”.

Categorias

  • Conexão | Brasil x Portugal
  • Cultura
  • História
  • Política
  • Religião
  • Social

Colunistas

A.Manuel dos Santos

Abigail Vilanova

Adilson Constâncio

Adriano Fiaschi

Agostinho dos Santos

Alexandra Sousa Duarte

Alexandre Esteves

Ana Esteves

Ana Maria Figueiredo

Ana Tápia

Artur Pereira dos Santos

Augusto Licks

Cecília Rezende

Cláudia Neves

Conceição Amaral de Castro Ramos

Conceição Castro Ramos

Conceição Gigante

Cristina Berrucho

Cristina Viana

Editoria

Editoria GPC

Emanuel do Carmo Oliveira

Enrique Villanueva

Ernesto Lauer

Fátima Fonseca

Flora Costa

Helena Atalaia

Isabel Alexandre

Isabel Carmo Pedro

Isabel Maria Vasco Costa

João Baptista Teixeira

João Marcelino

José Maria C. da Silva...

José Rogério Licks

Julie Machado

Luís Lynce de Faria

Luísa Loureiro

Manuel Matias

Manuela Figueiredo Martins

Maria Amália Abreu Rocha

Maria Caetano Conceição

Maria de Oliveira Esteves

Maria Guimarães

Maria Helena Guerra Pratas

Maria Helena Paes

Maria Romano

Maria Susana Mexia

Maria Teresa Conceição

Mariano Romeiro

Michele Bonheur

Miguel Ataíde

Notícias

Olavo de Carvalho

Padre Aires Gameiro

Padre Paulo Ricardo

Pedro Vaz Patto

Rita Gonçalves

Rosa Ventura

Rosário Martins

Rosarita dos Santos

Sérgio Alves de Oliveira

Sergio Manzione

Sofia Guedes e Graça Varão

Suzana Maria de Jesus

Vânia Figueiredo

Vera Luza

Verónica Teodósio

Virgínia Magriço

Grupo Progresso de Comunicação | Todos os direitos reservados

Desenvolvido por I9