Skip to content

Jubileu de pessoas doentes e em luto. Consagrados?

  • Fevereiro 5, 2025
  • Religião
  • Padre Aires Gameiro

 

No Ano do Jubileu 2025 e do jubileu dos doentes, no dia 11 de fevereiro, em que sentido se fala de esperança? Quando se fala de doentes e doentes graves não faltam os que pensam que a esperança é só de não morrer. E quando se trata de pessoas em pré-luto e luto, e em cuidados paliativos, já não há esperança. As definições científicas das condições próximas da morte não mudam o desfecho fundamental do morrer de cada pessoa.

Uma questão frequente acerca do Evangelho é sobre o porquê Jesus curou alguns doentes e não curou a todos. Não faltam razões e respostas personalizadas, como os cuidados a doentes, a consagração à vontade de Deus e a unção sacramental.

Porquê eu peço a cura a Jesus e não me cura? Sim, deve haver alguma razão no meu caso.

O Evangelho apresenta a necessidade de fazer luto e dar sentido às perdas de saúde angustiantes. Há uns anos pediram-me para escrever um livro sobre a viuvez que teve traduções em espanhol e italiano, e ocasionou encontros na Austrália, Filipinas e Índia.

À base de questionário os viúvas trata do projeto de vida, pré-luto, luto, o processo de morrer com doenças graves e os  estudos da médica Kubler-Ross. Dar sentido à vida quando se vai morrer e se vão perder entes queridos com quem se viveu em comunhão de vida, afetiva, sexual ou não, é um grande dom.

A esperança do Jubileu precisa de acompanhamento nestas aflições da vida, como o Papa Francisco diz na mensagem para o Dia dos doentes.

Algumas comunidades religiosas, famílias e irmandades paroquiais em situação de maior número de idosos e de mortes frequentes, vivem em grandes fragilidades e sofrimento. Talvez seja mais angustiante para alguns por não se cair na conta de se estarem a viver processos de luto e pré-luto, tanto em relação aos que morrem, como em relação aos idosos doentes e aos que estão às portas da morte. Os acompanhantes, em número reduzido, vivem, também, experiências de perda, dor e solidão.

Os sentimentos de perda não se limitam a pessoas com quem se viveu em comunhão. Os sentimentos e dor estendem-se às perdas do património comum das comunidades, famílias, irmandades e instituições. As perdas de alguns bens de estimação são mais dolorosas que as de valor monetário. Abraão é um dos maiores exemplos de fé e esperança jubilar, como nos mostra a Carta ao Hebreus (Heb. 11). Chamado para terra desconhecida, teve de abandonar tantas coisas, algumas delas a que estaria afeiçoado. Contudo, abraçou a fé e a esperança mesmo quando acreditou que Deus lhe pedia a dura separação e perda do seu filho único da promessa, mas não o abandonava.

Nesta mudança de época, na cultura e na Igreja, há promessas insistentes de Deus a doentes, idosos, consagrados e batizados que dão mais esperança que as bagagens pesadas. Estas não são essenciais e até podem estorvar o seguimento de Cristo. Nem fazem falta para se ser feliz, com Jesus e todos os seus irmãos, na outra margem do tempo, na vida eterna.

As mudanças de época, com promessas de nova terra e novo céu, que ninguém sabe como serão, a todos é prometido outro melhor viver a quem aceita deixar tudo por Jesus. Deixar exige fazer luto pelo que se deixa: coleções maravilhosas de arte, espólios ligados à afetividade, bibliotecas de narrativas de milénios, livros que cada um escreveu. Com um olhar diferente de mente, coração e espírito que atravessa todas as épocas da História, estes bens continuarão a ter valor, talvez mais, para novas gerações, se os pais jovens derem mais filhos ao mundo e os adultos não se destruam nem as suas obras.

Ninguém, porém, sabe até quando esses tesouros vão valer e estar disponíveis de modo a serem gozados nas terras dos homens, se estes respeitarem a criação que Deus quer e se Ele precisa desses tesouros, e de que modo, para tornar os seus filhos felizes até lhes dar a sua herança de adoção. Estas questões estão muito presentes no Evangelho e ficam cada vez mais presentes aos idosos e doentes como na recente festa de 2 de fevereiro em que Lucas diz de dois idosos no templo, o profeta Simeão e a profetiza Ana que no encontro como Menino Jesus viveram o seu deixar este mundo com alegria e esperança: “Agora, deixareis partir o vosso servo”, já vi a luz e a salvação, dizia Simeão; e Ana servia a Deus e falava do Menino, a única esperança de todos.

É importante associar as palavras de Jesus a esta festa e Jubileu: Que aproveita ao homem ganhar o mundo todo se perder a sua vida? E outra bem clara: guardai os vossos tesouros no Céu onde nem os ladrões os roubam, nem a traça os corrompe. E então as aflições dos doentes podem ser mitigadas com o convite consolador: vinde a Mim todos os que estão sobrecarregados e Eu vos aliviarei; o meu jugo é suave e a carga é leve.

Categorias

  • Conexão | Brasil x Portugal
  • Cultura
  • História
  • Política
  • Religião
  • Social

Colunistas

A.Manuel dos Santos

Abigail Vilanova

Adilson Constâncio

Adriano Fiaschi

Agostinho dos Santos

Alexandra Sousa Duarte

Alexandre Esteves

Ana Esteves

Ana Maria Figueiredo

Ana Tápia

Artur Pereira dos Santos

Augusto Licks

Cecília Rezende

Cláudia Neves

Conceição Amaral de Castro Ramos

Conceição Castro Ramos

Conceição Gigante

Cristina Berrucho

Cristina Viana

Editoria

Editoria GPC

Emanuel do Carmo Oliveira

Enrique Villanueva

Ernesto Lauer

Fátima Fonseca

Flora Costa

Helena Atalaia

Isabel Alexandre

Isabel Carmo Pedro

Isabel Maria Vasco Costa

João Baptista Teixeira

João Marcelino

José Maria C. da Silva...

José Rogério Licks

Julie Machado

Luís Lynce de Faria

Luísa Loureiro

Manuel Matias

Manuela Figueiredo Martins

Maria Amália Abreu Rocha

Maria Caetano Conceição

Maria de Oliveira Esteves

Maria Guimarães

Maria Helena Guerra Pratas

Maria Helena Paes

Maria Romano

Maria Susana Mexia

Maria Teresa Conceição

Mariano Romeiro

Michele Bonheur

Miguel Ataíde

Notícias

Olavo de Carvalho

Padre Aires Gameiro

Padre Paulo Ricardo

Pedro Vaz Patto

Rita Gonçalves

Rosa Ventura

Rosário Martins

Rosarita dos Santos

Sérgio Alves de Oliveira

Sergio Manzione

Sofia Guedes e Graça Varão

Suzana Maria de Jesus

Vânia Figueiredo

Vera Luza

Verónica Teodósio

Virgínia Magriço

Grupo Progresso de Comunicação | Todos os direitos reservados

Desenvolvido por I9