Caros, todos, não perguntem qual a cor
Já há muitas respostas, por aí, a voar?
Não os saberei sossegar no que é amor,
Talvez, possa dizer algo sobre amar.
Amor não haverá, se não for em relação
Amor será um nada, abstrato, parado.
Só amar e ser amado em vivo cachão
Se faz vida e divo perdoar, santificado:
Circula e dá calor humano ao coração;
Se falta esse calor e por todos não circular
Em vez de bem comum, de amar, é tampão
Que fecha o arejar do sopro a vivificar.
Desponta mais o desamor que o amor,
Sente-se primeiro não amar que amar?
Sim, se aversão e frio desdém de coração
Afloram a quem um ninguém ouvir e olhar.
Mas amor de pai/mãe passa a ato de amar
E ao amar, estes dão-se e ficam no seu nato:
Pois amar é relação única do ego apagar:
Sair de si, oferta a outro, em sangue dado.
De coração a coração, em vida trina, instante,
Serem dois e um, à vez, a cada momento
Amar é dar sopro e respiro, divinizante,
Passar vida ao outro no amar com alento.
Não há dois na relação de se irmanar,
Sem mútua estima, ajuda e reconciliação;
Suave amar leva amigos ao sim de perdoar
E a ser dois numa vida em paz e comunhão.
Amor é palavra quente, sublime e fogo;
Triste que seja tantas vezes corrompida;
Alto amar muda os que dão sangue e folgo
E garantem seu amor, no dom da vida.
Vivem de amar em natura sublimada
Perdoam e pedem perdão aos que amam
Dons de graça aos homens revelada
Por Jesus a morrer de amar em Jerusalém.
Se aceitas o risco do amor ser nada;
E, pior ainda, ser jogado como ilusão,
E que só amar é ação de vida saciada:
Ama e dá pão e esperança à multidão.
Poema a convite, para Coletânea de Cartas de Amor