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Maior complexidade, mais difícil a missão e mais necessária a oração

  • Maio 8, 2025
  • Religião
  • Padre Aires Gameiro

 

Oração pela eleição de um novo Papa, será mesmo necessária? Não é uma tarefa, não é um objetivo político eleger um papa. É uma missão sobre-humana. Tanto mais difícil quanto mais complexos os contornos da esperança que se deseja alcançar. Porquê complexos?

Complexos porque se procuram consenso entre 133 pessoas, uma esperança humano-divina para responder a 1 bilião e 400 milhões de batizados, de 6 biliões de pessoas e mais cerca de 700 milhões em situação de grande pobreza que pertencem a muitas religiões e culturas organizadas em cerca de 200 países. Mas, se dermos um salto e aceitarmos que é uma missão mais de Evangelho e de procurar o Reino de Deus que de códigos políticos, tantos deles contraditórios, começamos a pensar que só o Espirito Santo pode guiar os humanos que vão realizar essa missão de escolher um Papa.

Nestas semanas de doença e morte do papa Francisco começaram a emergir e a expressar-se dezenas, centenas, milhares, de sugestões para o perfil do novo Papa. E logo vinham comentários e novos perfis a corrigir, retocar, ampliar os requisitos de um papa para o legado deste ou um Papa tudo menos igual a este e apontavam muitas posições intermédias. As razões andavam à volta de aspetos bons, de portas abertas, de questões levantadas e ainda não resolvidas.

Permitam-me levantar sugestões ao acaso sobre os perfis possíveis, uns anotados a esmo outros meus também sem rumo,   que agora não consigo distinguir uns dos outros e ainda bem. São perfis surgidos por inúmeras leituras não registadas nem copiadas. Alguns de lavra pessoal acabaram por ficar misturados. Não se pretende um trabalho científico, nem lá perto, mas apenas um exercício de reflexão orientada para  responder à questão deixada acima: é precisa a oração? Em não poucos sobressaíam tanto os traços de bom pastor, sucessor de Pedro, como de político talentoso para lidar com centenas de outros políticos. Talvez nem todos os perfis sejam de católicos e nem sequer de pessoas de alguma fé religiosa. Mas não sei. Não interessa agora a clivagem de perfis de fé cristã e de tarefa humana ou porventura motivada por ciência.

De uma primeira abordagem surgiram estes perfis que separo por vírgulas: um papa corajoso, livre, credível, enraizado no Evangelho, sucessor de Pedro e não apenas em continuidade com Francisco, alguém semelhante a Bento XVI, a João Paulo II, teólogo profundo, aberto, coerente, consistente.

Um Papa como outros, bons e santos do passado recente, aptos a enfrentarem erros, ideologias, guerras e consequências calamitosas das mesmas. Um papa bom, de unidade, de competência para dialogar com políticos, governantes e cientistas, um teólogo profundo. Um papa de oração e fé a toda a prova.

E logo se associaram outros perfis: Papa para a Igreja de hoje, não tem que ser réplica doutro. Um papa das periferias missionárias da Igreja. E alguns perfis vão mais longe e concretizam com um papa que possa resolver ou acalmar algumas questões e fricções que se vão arrastando na Igreja, chamadas fraturantes e conflituais, tais como, as mudanças de clima da casa comum da humanidade; a insistência na ordenação de mulheres, apesar das posições conhecidas de alguns Papas; a comunhão dos divorciados a viver juntos; o celibato dos sacerdotes; a bênção dos homossexuais a viver juntos, os abusos sexuais na Igreja pendentes.

Há perfis, talvez, mais consensuais, tais como, papa dos mais frágeis e excluídos, de pontes entre tradições e religiões, do legado de Francisco, de misericórdia e gestos de tolerância e esperança. Um profeta das periferias e margens da Igreja, da sociedade e da indiferença. Um Papa que não deixe esquecer o tema da economia que mata e o dogma neoliberal do mercado. Um Papa ao serviço do Evangelho, semeador de paz, justiça, fraternidade universal contra todas as guerras, de sinodalidade e de palavra esclarecedora. De santidade, amor a Deus e ao próximo, de alegria contagiante. Voz consistente e coerente; unido ao Espírito Santo a viver a dimensão global da humanidade. Um Papa que ore muito, fale com sabedoria e conte mais com a ação do Espirito Santo que com o engenho humano. Um Papa mais pastor que político.

Penso que esta reflexão pode ajudar a entender as palavras de Jesus Cristo: orai sem cessar, pedi e recebereis, seja feita a vossa vontade, santificado seja o vosso nome assim na terra como no Céu.

Peçamos que os cardeais no conclave elejam o Papa que o Espirito Santo lhes inspire. E rezemos para que todos os batizados sejam a Igreja que Deus deseja de todos.

Nota: Acabei este texto às 17h do dia 8 de maio, pensando que ia continuar o Conclave no dia 9. Fui para a TV e saía o fumo branco do habemus Papam. Foi preciso esperar quase uma hora para saber que o Novo Papa era o Cardeal Robert  Francis Prevost, natural de Chicago e Bispo emérito de Chiclacayo, Perú, Presidente da Congregação dos Bispos, que escolheu o nome de Leão XIV. Recebi a Bênção Urbi et Orbi e agradeci ao Senhor pelo meu 9º Papa.

Funchal,  Dias do Conclave, 8 de maio (às 17 horas) de 2025

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