Edgar Morin nasceu em Paris, na França, ele é um sociólogo e filósofo francês; o autor é chamado como “Teórico do pensamento complexo”, sendo considerado o notável autor de “O Método” (“La Méthode”), um compêndio de seis volumes – de 1977 a 2004 – que se propõe a ser uma metodologia de ‘transdisciplinaridade’.
Ele define sua maneira de pensar como “construtivista”, especificando: “Ou seja, falo da colaboração do mundo externo e de nossas mentes para construir a realidade.” Em conexão com sua pesquisa, desenvolveu um pensamento político humanista, que defendia – e sempre defende – a integração das dimensões ecológica, social, econômica e cultural para enfrentar os desafios contemporâneos.
De 1973 a 1989, Edgar Morin dirige o Centro de Estudos de Comunicações de Massa, fundado em 1960. Como ele indicou, em 2009, na revista Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), ele é, antes de tudo um autodidata, possuindo uma licenciatura em história e geografia e uma licenciatura em direito; ele menciona seus cursos de filosofia, economia e ciências políticas e além disso, ele afirma “ter feito sua carreira no CNRS”, sendo este o maior órgão público de pesquisa científica da França e uma das mais importantes instituições de pesquisa do mundo.
Quanto a suas obras escritas, o total passa a mais de duzentos volumes, sendo que seus livros são traduzidos mundialmente para vinte e oito idiomas e quarenta e dois países. Voltando-nos ao pensamento atual, vamos expor um pouco da atividade do autor; com seu conceito de “pensamento complexo”, o filósofo Edgar Morin nos convida a compreender o contexto e o ecossistema, e seu biógrafo relembra as contribuições desse pensamento para os negócios. Apaixonado pela ‘transdisciplinaridade’, ele define esse pensamento como “um conhecimento que se esforça para abarcar as conexões e interações da realidade física, biológica e humana, que obscurecem as separações disciplinares”. O autor nos permite compreender a humanidade e a vida em toda a sua complexidade, com suas incertezas, desordem e discórdia.
O jornalista e seu editor, Emmanuel Lemieux, é seu biógrafo e trabalha na Fundação Edgar Morin, onde ele promove seus arquivos por meio de publicações como esta nova coleção: “Via Edgar”, textos anotados pelo autor. A primeira dessas obras, “Pensamento complexo ou dor de cabeça?”, convida figuras proeminentes, incluindo um empresário, a reagir ao seu conteúdo, e Edgar Morin influencia os empreendedores e, de forma mais geral, o conceito sobre negócios.
A filosofia de Edgar Morin influenciou diversas pessoas, incluindo líderes empresariais da atualidade, por exemplo, Marc Péna, empreendedor de reciclagem e botânico, o qual é um leitor ávido das teorias de Morin; em seu livro publicado recentemente, ele explica claramente como essa filosofia influenciou sua visão de negócios. No entanto, Edgar Morin não pensava somente nos negócios como tal; ele era um pensador organizacional: ele se perguntava como um indivíduo e uma organização se alimentam mutuamente. Além disso, seu conceito de “pensamento complexo” é extremamente interessante, até mesmo crucial, para as empresas, especialmente nos dias de hoje. Daí a questão: o que esse “pensamento complexo” pode trazer para um empreendedor? Pensar de forma complexa significa parar de raciocinar de forma fragmentada e compartimentada.
Esse pensamento pode ser aplicado tanto a estratégias de crescimento gerencial quanto corporativo. A sociedade mudou significativamente, assim como as relações com as empresas e o poder. Portanto, novas modalidades precisam ser inventadas. Mais uma vez: o pensamento complexo ensina os líderes empresariais a considerar seu ambiente de forma mais completa, o que os ajuda a planejar com antecedência e a agir de imediato.
O pensamento de Edgar Morin nos convida a considerar as relações bidirecionais que uma empresa mantém com seu ecossistema; isso investe poder ao líder empresarial? Marc Péna mostra que isso dá sentido a sua atividade: ele trabalha no setor de reciclagem, onde tudo ainda não foi inventado. Ele se baseia em Edgar Morin para compreender completamente como uma empresa se organiza em um contexto em rápida evolução. O empreendedor diz que não há respostas fáceis, mas sim muitos parâmetros a serem considerados a partir dos ensinamentos de Morin. Uma questão: de inventor a empreendedor, como transformar uma ideia genial em um negócio rentável ?
Segundo Edgar Morin, para pensar de forma complexa, é necessário entender a “auto-organização” de um sistema. De que forma esse conceito é relevante? A auto-organização é a capacidade dos organismos de se elaborarem, de tomarem iniciativas, esta é uma espécie de autonomia. Em uma empresa com a crise ecológica, ela enfrenta restrições que não existiam anteriormente para se redefinir.
A pergunta é: isso exige uma abordagem complexa? Edgar Morin é um dos primeiros intelectuais a falar sobre ecologia, desde os anos 1970. A ecologia traz novas regras do jogo. Para continuar a ter margem de manobra, a empresa deve ter um melhor conhecimento dos limites que a determinam. Edgar Morin é, aliás, o pensador do caos e das crises em “loop” (“repetição”), o que o torna um pensador da crise ecológica. Ele convida a aprender a se comportar no caos, a tentar adotar a atitude correta. Compreender o contexto, os inesperados, permite que você evite ficar paralisado e sobrecarregado pelo caos.
De nossa parte, aproveitando a possibilidade de uma recente obra elaborada por Edgar Morin e festejando sua idade lúcida, trabalhamos hoje nessa redação mais “empresarial” que qualquer outra. As outras seriam “A resistência do espírito – Edgar Morin, 1921” e “Edgar Morin, 1921 – Terra-Pátria”.
Valem a pena rever!